A tia Prudência é a minha mãe! Esta é naturalmente mais uma circunstância que vai tornar a tua exposição de pintura on-line, como a mais bela montra que eu jamais poderia imaginar! Para mim tu és o Zé Augusto, companheiro da Escola Primária, conterrâneo da aldeia comunitária de Vale de Frades e de tantas peripécias que vivemos em conjunto! Estão ali bem patenteadas algumas das nossas raízes comuns! Para a minha Mãe, tu és o “Filho do Vila” e da “Fulcissima” de quem terás herdado “jeito para tudo”! Mas é na música que mais estás presente diariamente como ela tão bem recorda nas suas memórias de “Cantadeira”: (…) 3- Gravação do Cancioneiro da Pachita Em Agosto de 2001, de férias em Vimioso, passei uma tarde bem divertida com o Zé Augusto, a Helena e o Manuel. O Zé Augusto acompanhou-me à guitarra, enquanto eu cantava as canções que me ia lembrando. Ficou assim gravada uma cassette que lhe chamaram “O Cancioneiro da Pachita”, abarcando os meus tempos de criança, adolescente e adulta, com as seguintes canções: - Cala, cala meu menino! - Mira-me Miguel como estás de bonitito! - Você não toca na minha pandeireta! - A saia da minha ama! - Adios mi madre! - Ai, ai, ai minha machadinha! - Oh minha terra, onde eu nasci! - Amei-te tanto! - Ao passar a ribeirinha! - Se eu soubesse o Pai-Nosso como sei cantar cantigas! - Oh Vila de Vimioso! - Meninas vamos ao vira! - Resineiro é casado! - Canta, canta, amigo canta! - Ceifeira de cor morena! - À meia noite ao luar! - Oh pombas, oh lindas pombas! - Sim, sim sou de Trás-os-Montes! - Morena, morena, teus olhos castanhos! - Oh ferreiro guarda a filha! - Oh malhão, malhão! - Oh que pinheiro tão alto! - Olha o barquinho, noite e dia a navegar! - Perguntaste-me outro dia, se eu sabia o que era o Fado? - Barco perdido no Mar! - Eu tenho o coração mais triste, que a tinta com que se escreve! - Rebola a bola! - Salta o farfalhão para o meio! (…) 4- Tempo de “Avecedário” e- Encontro com o Zé Augusto Reencontrei-me com o Zé Augusto em 14 de Agosto de 2006. Apesar das raleiras nos meus dentes ainda me deu para partilhar com ele as minhas canções. Desta vez não trazia a guitarra. Ensinou-me esta: - Oh meu Vimioso de Sol a brilhar, - Oh terra morena, - Já não tenho pena, - De não ver o Mar!
- Minha terra feiticeira, - Que ao luar dás o pão, - Teu coração de trigueira, - O Sol é teu irmão!
- Foi assim que Deus te fez, - És um milagre do Céu!
Foram cantigas atrás de cantigas. - Parecia a “Conta das Calças Azuis”!... Acabámos com aquela: - Ai minha terra, onde eu nasci, - Tantas saudades eu tenho de ti, - … (…) Visitar o teu Blog é sentir a história viva e vivida que perpassou pelas janelas dos teus sentidos e que com rara mestria e subtileza trazes para a actualidade, como se fosse possível dares vida ao Passado e torná-lo Presente! Especialmente para a minha Mãe és uma Mais Valia de Vida, qual fonte extra de energia, tão bem sintetizada na expressão que lhe está sempre na ponta da língua: - Tanto como um polegar, chega a alma ao seu lugar! Um grande abraço!
Nasceu em Vale de Frades – Vimioso em 1947. Desenhador projectista de arquitectura, engenharia e desenho publicitário (aposentado). Iniciou o curso de pintura na Casa Pia de Lisboa, tendo como professores o Pintor Álvaro Perdigão, Escultor Hélder Baptista e Raul Xavier entre outros e concluiu a sua formação artística em 1973, na Escola de Artes Decorativas António Arroio em Lisboa. Frequentou a secção preparatória para as Belas Artes. Retirado da área do desenho técnico dedica-se, a tempo inteiro à pintura e à música. Contacto: 969053518 email: jarcoelho@meo.pt
2 comentários:
A tia Prudência é a minha mãe!
Esta é naturalmente mais uma circunstância que vai tornar a tua exposição de pintura on-line, como a mais bela montra que eu jamais poderia imaginar!
Para mim tu és o Zé Augusto, companheiro da Escola Primária, conterrâneo da aldeia comunitária de Vale de Frades e de tantas peripécias que vivemos em conjunto! Estão ali bem patenteadas algumas das nossas raízes comuns!
Para a minha Mãe, tu és o “Filho do Vila” e da “Fulcissima” de quem terás herdado “jeito para tudo”! Mas é na música que mais estás presente diariamente como ela tão bem recorda nas suas memórias de “Cantadeira”:
(…)
3- Gravação do Cancioneiro da Pachita
Em Agosto de 2001, de férias em Vimioso, passei uma tarde bem divertida com o Zé Augusto, a Helena e o Manuel.
O Zé Augusto acompanhou-me à guitarra, enquanto eu cantava as canções que me ia lembrando. Ficou assim gravada uma cassette que lhe chamaram “O Cancioneiro da Pachita”, abarcando os meus tempos de criança, adolescente e adulta, com as seguintes canções:
- Cala, cala meu menino!
- Mira-me Miguel como estás de bonitito!
- Você não toca na minha pandeireta!
- A saia da minha ama!
- Adios mi madre!
- Ai, ai, ai minha machadinha!
- Oh minha terra, onde eu nasci!
- Amei-te tanto!
- Ao passar a ribeirinha!
- Se eu soubesse o Pai-Nosso como sei cantar cantigas!
- Oh Vila de Vimioso!
- Meninas vamos ao vira!
- Resineiro é casado!
- Canta, canta, amigo canta!
- Ceifeira de cor morena!
- À meia noite ao luar!
- Oh pombas, oh lindas pombas!
- Sim, sim sou de Trás-os-Montes!
- Morena, morena, teus olhos castanhos!
- Oh ferreiro guarda a filha!
- Oh malhão, malhão!
- Oh que pinheiro tão alto!
- Olha o barquinho, noite e dia a navegar!
- Perguntaste-me outro dia, se eu sabia o que era o Fado?
- Barco perdido no Mar!
- Eu tenho o coração mais triste, que a tinta com que se escreve!
- Rebola a bola!
- Salta o farfalhão para o meio!
(…)
4- Tempo de “Avecedário”
e- Encontro com o Zé Augusto
Reencontrei-me com o Zé Augusto em 14 de Agosto de 2006. Apesar das raleiras nos meus dentes ainda me deu para partilhar com ele as minhas canções. Desta vez não trazia a guitarra. Ensinou-me esta:
- Oh meu Vimioso de Sol a brilhar,
- Oh terra morena,
- Já não tenho pena,
- De não ver o Mar!
- Minha terra feiticeira,
- Que ao luar dás o pão,
- Teu coração de trigueira,
- O Sol é teu irmão!
- Foi assim que Deus te fez,
- És um milagre do Céu!
Foram cantigas atrás de cantigas.
- Parecia a “Conta das Calças Azuis”!...
Acabámos com aquela:
- Ai minha terra, onde eu nasci,
- Tantas saudades eu tenho de ti,
- …
(…)
Visitar o teu Blog é sentir a história viva e vivida que perpassou pelas janelas dos teus sentidos e que com rara mestria e subtileza trazes para a actualidade, como se fosse possível dares vida ao Passado e torná-lo Presente!
Especialmente para a minha Mãe és uma Mais Valia de Vida, qual fonte extra de energia, tão bem sintetizada na expressão que lhe está sempre na ponta da língua:
- Tanto como um polegar, chega a alma ao seu lugar!
Um grande abraço!
Zé Augusto:
Muito obrigado pela lembrança que tiveste.
Oxalá que Deus te dê boa Sorte a ti, aos teus Filhos e a toda a Família.
Prudência Pachita
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